Poemas
de
Celestino Silva
Os poemas que não estão relacionados com Glória do Ribatejo não foram publicados neste espaço do autor supracitado.
Saudade da minha aldeia
Recordo-te, Glória do Ribatejo,
Desde a primeira redação escolar,
Manterei sempre este meu desejo,
Porque não há mal que te apontar.
Com orgulho sustentas a lenda,
Que a devoção tornou popular,
Foi salvo o rei pela sua crença,
E a ermida se ergueu neste lugar.
Légua de regalias fora oferecida,
Pelo D. Pedro I, rei de Portugal,
Sua caça predileta ficou protegida,
E foi desbravado todo o teu foral.
Honra que exala do bom gloriense,
Inspirou redol e outros de craveira,
Se no progresso ninguém te vence,
Fizeste da história a tua bandeira.
Do alvor paleolítico tens marcas vivenciais,
A serra da caveira, do trancão e adjacentes,
Vivências de vestígios e ocupações ancestrais,
Fizeram de ti peculiar e as demais diferentes.
A força etnográfica te elegeu,
Assume essa responsabilidade,
O teu folclore está no apogeu,
Conserva-o para a eternidade.
Quero-te sempre vila na ideia,
Não te apresses a ser cidade,
Lembra que ontem eras aldeia,
E há seis séculos um povoado.
A Glória das duas colinas
Da minha janela via duas colinas radiantes pelo sol de verão como seios de donzela apressada trazendo pão.
Tilintavam alfaias campestres no clarear do dia mas estridentes motores rompiam a paz dessa alegria.
Não ouço olá! Como alguém o dizia.
Vejo árvores exóticas que não via, o piar de aves que não ouvia e cai neve como há muito não caía...
Glória em 2010 - Caminhada inesquecível
No dia 10 de Junho de 2010 resolvi pegar na máquina de filmar e fotografar para visitar alguns dos lugares onde passei a minha infância. Foi um passeio impressionante. Passaram cerca de 50 anos (meio século) e a pequena aldeia onde nasci está muito mudada. Podemos confirmar essa mudança pelas imagens que recolhi nos anos 70 e 80 até à caminhada de hoje, diria passeio, que fiz com muita satisfação.
Estou a registar em vídeo esta caminhada inesquecível que recomendaria a quem queira usufruir de momentos descontraídos e reconfortantes pelas ruas e campos da Glória. Parti de casa a pé e certamente que poucos me viram, já que eu vi pouco mais de 30 pessoas em todo o percurso, quando esperava encontrar muitos dos amigos de infância. Nesse aspecto, a minha velha aldeia também mudou. Iniciava-se uma crise mundial e o meu país estava a sofrer muito. Talvez por isso, poucos automóveis circulavam, contavam-se pelos dedos de uma mão.
Vi alguns ciclistas, disseram-me que estava na moda. De facto, não vi uma única pessoa que caminhasse em exercício físico nos espaços pedonais dos jardins da Glória, tal como se vê nas imagens, mas algumas já fazem caminhadas em grupo pelas estradas periféricas, nem sempre em segurança, deixando vazias as ruelas deste lindo jardim. Regressei a casa cansado mas satisfeito com a passeata e orgulhoso da minha terra. Na mão este manancial fotográfico de um lugar de encanto que me viu nascer e no qual desejo morrer.
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